Em outubro, a inflação acumulada nos ultimos doze meses atingiu a marca de dois dígitos no Brasil. Diante dessa situação que afeta todos os brasileiros, Daoura analisou 47 mil publicações digitais (redes sociais e notícias) com a palavra “inflação” para extrair informações e insights valiosos sobre a percepção das pessoas em relação ao tema.

O conjunto das manifestações analisadas pode ser dividido em cinco grupos (clusters) temáticos:

1. Impacto na população mais pobre: grupo de manifestações associadas com as consequências da inflação nas pessoas mais pobres.

2. As causas da inflação: grupo de manifestações associadas aos indicadores econômicos que descrevem a inflação.

3. Inflação e a política: grupo de manifestações que relaciona a inflação com agentes políticos nacionais.

4. Inflação e a pandemia: grupo de manifestações associadas à inflação e à pandemia da Covid-19, suas consequências e ações para combate.

5. Política econômica e suas ações: grupo de manifestações quefalam sobre as ações do Estado na gestão econômica.

Insights:

Alimentos, energia elétrica e gasolina são os itens mais comentados: o grupo "As causas da inflação" mostra os tipos de bens e serviço mais lembrados quando o assunto é inflação. Esse grupo representa fatores que são sentidos por todos (“aumento”, “preços”). Não por acaso, é o mais numeroso em termos de palavras e usuários, e também o que possui maior proporção de publicações nas redes sociais.

A culpa é de quem? O grupo "Inflação e a política" é composto por menções a diversos políticos e instituições relacionados ao universo político e pela palavra “culpa”. Dentre todas as outras palavras do grupo, “culpa” é a mais mencionada, juntamente com “bolsonaro”, que é mencionado cerca de 4,3 vezes mais do que “lula” e 6,6 vezes mais do “stf”.

Temas de política econômica são menos acessíveis: apesar da maior proporção de publicações negativas, o grupo "Política econômica e suas ações" é o menos citado nas redes sociais e pelo menor número de usuários. Isso sugere que os termos técnicos tornam o assunto menos acessível, indicando que o público geral relaciona a inflação com temas mais objetivos (“desemprego”, “dinheiro”, “fome”) e com questões exclusivamente políticas.

Impacto da inflação na população mais pobre ganha destaque nos debates online: o grupo "Impacto na população mais pobre", composto por palavras como “miséria”, “fome”, “desempregados” e “pobres”, destaca as manifestações na internet se preocupam com a população mais vulnerável economicamente. Outra relevante característica deste grupo é que suas manifestações são mais presente nas redes sociais do que em portais de notícias, que deram mais espaço para questões relacionadas à pandemia e à política econômica.

Publicações sobre pandemia mostram relações entre crise sanitária, economia e política: o grupo "Inflação e a pandemia" apresenta a maior negatividade e é fortemente relacionado com os grupos "As causas da inflação" e "Inflação e a política", e mostra que os problemas sanitários agravam problemas políticos e econômicos do país, e torna todo o debate sobre a inflação ainda mais negativo.